Criadoras-com-filhos x criadoras-sem-filhos

 


Qual o impacto da maternidade nos processos criativos e na carreira das mulheres?
E para as não mães, que precisam estar sempre justificando para o mundo os seus não filhos?

Em uma entrevista ao jornal alemão Tagesspiegel, a artista performática sérvia, Marina Abramovic afirmou que fez três abortos durante sua vida, explicando sem arrodeio que os fez em nome da carreira: “Eu fiz três abortos porque estava certa de que ter filhos seria um desastre para o meu trabalho. Uma pessoa tem uma energia limitada e [com filhos] eu teria que dividi-la. Na minha opinião essa [filhos] é a razão pela qual as mulheres não são tão bem-sucedidas quanto os homens no mundo da arte. Há uma abundância de mulheres talentosas. Por que só os homens assumem posições importantes? É simples. Por que mulheres não querem sacrificar amor, família e crianças”, declarou.

A artista citou mais um motivo pelo qual considera a decisão de não ter tido filhos assertiva.“Eu sou a obra de arte. Não consigo enviar uma pintura, então eu me envio. No ano passado eu não passei mais que 20 dias em Nova York. Nos aeroportos eu preciso pensar ‘de onde as minhas malas estão chegando?’. Eu não sei se poderia viver de forma diferente. Além disso, não tenho marido, nem família, eu sou totalmente livre”, afirmou.

Marina cutucou uma ferida feminina. Ser ou não ser mãe? Sabemos, afinal, que a mulher, com ou sem filhos, ainda é cobrada a dar explicações.

Se para a criadora-sem-filhos a carreira é pesada e interfere na sua vida, para a outra, com-filhos, as horas do dia são insuficientes porque, ao horário de trabalho, é preciso acrescentar a interminável rotina materna. Então: de onde tirar o espaço temporal e mental para o ofício criativo?

Talvez, do peso que colocamos nas escolhas dessas mulheres, em ter que trabalhar como se não tivessem uma família e maternar como se não tivessem um trabalho.

Positivamente,
Milena Mendonça


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