O que é Maternidade Compulsória.
Em pesquisas realizadas no âmbito da psicologia foram detectados alguns estigmas e padrões sociais aos quais a mulher é submetida. Por exemplo, se ela for adulta e ainda não for mãe, é qualificada em posição inferior à de uma mulher que cumpre seu papel “natural" de se reproduzir. Além desta hierarquia, dentro da maternidade, as mães em situações “não-convencionais" tais como ter filhos fora da época “apropriada” (por volta dos 30 anos), que não são casadas ou sem condições financeiras para tal também perdem no conceito de aceitação social feminina.
Este conjunto de características e rótulos sociais recebe o nome de "maternidade compulsória”, e suas consequências variam desde prejuízos econômicos até a Depressão Pós-Parto, que acontece nas mais variadas culturas no mundo ocidental, com poucas diferenças significativas. Daí a importância de se falar sobre isso. Aos olhos da sociedade, mulheres deixam de ser “mulheres" quando se tornam mães. Muitas relatam que não podem ter vida social, vontades, desejos, impulsos, vaidades, ambições ou sonhos, sob pena de se tornarem pessoas egoístas e/ou horríveis por isso. Em contrapartida, homens, quando se tornam pais e cumprem o seu papel social de pais (entende-se diferente de simplesmente “ajudando” a mãe a cuidar da criança), cuidando, criando, educando. Os mesmos tornam-se heróis na nossa sociedade.
Dessa forma, mulheres têm se anulado através da maternidade idealizada ao longo de muitos anos. Dedicando-se exclusivamente à maternidade. Os homens não, continuam se dedicando aos seus projetos individuais sem grandes anulações por terem se tornado pais. Ser mãe é uma tarefa muito difícil na nossa atual conjuntura social. E, não, não são os filhos que são um "fardo" pesado. O que torna o papel social de mãe tão difícil é a pressão e opressão social imposta por essa maternidade idealizada.
Portanto, a maternidade deve ser vista como uma escolha, não como uma obrigação ou um papel imposto para a mulher. E cada mãe deve encontrar sua “fórmula" da maternidade, não existe uma padronização. Nascemos, crescemos, escolhemos se iremos nos reproduzir e morremos, essa sim é a máxima da condição humana.
NÃO EXISTE INSTINTO MATERNO
Por sermos animais moldados pela nossa cultura, não possuímos padrões de comportamentos estereotipados (instintivos). Então, o conceito de pulsão foi criado e utilizado por Sigmund Freud para substituir o termo instinto, que significa na psicologia um “impulso energético interno que direciona o comportamento do indivíduo”. Portanto, o termo pulsão distingue-se do instinto, por instinto ser ligado a determinadas categorias de comportamentos preestabelecidos e realizados de maneira estereotípica, enquanto pulsão refere-se a uma fonte de energia psíquica não específica, que pode conduzir a comportamentos diversos.
Portanto, para que um comportamento seja classificado como instintivo, ele deve ser inatamente determinado e deve ser específico a certas espécies e aparecer da mesma forma em todos os seus membros.
Assim, fica evidente que instinto materno não existe. Caso existisse, não haveria nenhuma mulher em nossa espécie que rejeitasse o filho, o colocasse para adoção, o abandonasse ou que simplesmente não desejasse ter filhos. O que existe é o amor materno e não o instinto. A questão é que a nossa sociedade não dá espaço para a mulher falar sobre esses sentimentos de ambivalência comuns na gestação e em muitos casos por todo o processo de maternidade. As regras, rótulos e valores da nossa sociedade são cruéis com as mulheres.
Dessa forma as mulheres se calam ou reproduzem um discurso de maternidade idealizada e fantasiosa com medo de falar e serem julgadas. E aquelas mães que não seguem esse padrão idealizado passam a acreditar que há algo de errado com elas. O que não é verdade.
Amamos aquilo que conhecemos, portanto o amor de mãe é construído e não “dado" instintivamente.
Portanto, para que um comportamento seja classificado como instintivo, ele deve ser inatamente determinado e deve ser específico a certas espécies e aparecer da mesma forma em todos os seus membros.
Assim, fica evidente que instinto materno não existe. Caso existisse, não haveria nenhuma mulher em nossa espécie que rejeitasse o filho, o colocasse para adoção, o abandonasse ou que simplesmente não desejasse ter filhos. O que existe é o amor materno e não o instinto. A questão é que a nossa sociedade não dá espaço para a mulher falar sobre esses sentimentos de ambivalência comuns na gestação e em muitos casos por todo o processo de maternidade. As regras, rótulos e valores da nossa sociedade são cruéis com as mulheres.
Dessa forma as mulheres se calam ou reproduzem um discurso de maternidade idealizada e fantasiosa com medo de falar e serem julgadas. E aquelas mães que não seguem esse padrão idealizado passam a acreditar que há algo de errado com elas. O que não é verdade.
Amamos aquilo que conhecemos, portanto o amor de mãe é construído e não “dado" instintivamente.
DEPRESSÃO PÓS-PARTO
Os sintomas dependem do tipo de personalidade da puérpera e de sua história de vida, das mudanças bioquímicas que se processam logo da gestação e após o parto assim como, da duração (tempo) em que a mãe sente essa melancolia e/ou outros sintomas.
Além das vivências inconscientes em que predominam as fantasias de esvaziamento ou de castração, as mais difíceis são as ansiedades de carência materna (quando a puérpera cria muita dependência em relação à própria mãe ou ao marido) e as de autodepreciação (quando se sente incapaz de assumir as responsabilidades maternas).
É muito difícil determinar o limite entre a depressão pós-parto de fato e uma fase de melancolia normal no pós-parto. As características principais desta diferenciação são:
1. a rejeição total ao bebê,
2. a falta de ânimo,
3. o sentimento de tristeza intenso,
4. sensação de desespero e
5. a duração desses sintomas.
Recomenda-se que uma psicoterapia seja iniciada o mais rápido possível.
Porque isso ocorre.
Com o parto, ocorrem mudanças físicas e psicológicas significativas na mãe, no bebê e em todo o ambiente familiar, que provocam algumas angustias e ansiedades. É uma simbólica revivência inconsciente da angústia do trauma do próprio nascimento: a inviabilização do retorno ao útero (à vida que todos os envolvidos já conheciam e estavam habituados anteriormente a gravidez) e a chegada para um mundo totalmente novo, desconhecido e, muitas vezes, temido (com novos, importantes e idealizados papéis sociais).
Outro importante simbolismo é o corte do cordão umbilical, que separa para sempre, a criança da mãe. Desta forma, no inconsciente, o parto é experienciado como um grande vazio para a mãe, às vezes muito maior do que a alegria do nascimento de um filho. Já que durante até 9 meses de gestação ele foi sentido como uma parte integrante de si mesma e, bruscamente, torna-se um ser diferenciado dela e que deve ser compartilhado com os demais. Fazendo com que a mulher sinta uma ambiguidade de sentimentos, alegria e tristeza. Assim como na morte, no nascimento também ocorre uma separação corporal definitiva. Este é o significado mais sofrido do parto e que se não for bem elaborado, pode trazer um sentimento de melancolia muito intenso à mãe, o que é normal e esperado. Porém, podendo evoluir em alguns casos para o que chamamos de depressão pós-parto.
"O parto é vida, mas também é morte.”
Além das vivências inconscientes em que predominam as fantasias de esvaziamento ou de castração, as mais difíceis são as ansiedades de carência materna (quando a puérpera cria muita dependência em relação à própria mãe ou ao marido) e as de autodepreciação (quando se sente incapaz de assumir as responsabilidades maternas).
É muito difícil determinar o limite entre a depressão pós-parto de fato e uma fase de melancolia normal no pós-parto. As características principais desta diferenciação são:
1. a rejeição total ao bebê,
2. a falta de ânimo,
3. o sentimento de tristeza intenso,
4. sensação de desespero e
5. a duração desses sintomas.
Recomenda-se que uma psicoterapia seja iniciada o mais rápido possível.
Porque isso ocorre.
Com o parto, ocorrem mudanças físicas e psicológicas significativas na mãe, no bebê e em todo o ambiente familiar, que provocam algumas angustias e ansiedades. É uma simbólica revivência inconsciente da angústia do trauma do próprio nascimento: a inviabilização do retorno ao útero (à vida que todos os envolvidos já conheciam e estavam habituados anteriormente a gravidez) e a chegada para um mundo totalmente novo, desconhecido e, muitas vezes, temido (com novos, importantes e idealizados papéis sociais).
Outro importante simbolismo é o corte do cordão umbilical, que separa para sempre, a criança da mãe. Desta forma, no inconsciente, o parto é experienciado como um grande vazio para a mãe, às vezes muito maior do que a alegria do nascimento de um filho. Já que durante até 9 meses de gestação ele foi sentido como uma parte integrante de si mesma e, bruscamente, torna-se um ser diferenciado dela e que deve ser compartilhado com os demais. Fazendo com que a mulher sinta uma ambiguidade de sentimentos, alegria e tristeza. Assim como na morte, no nascimento também ocorre uma separação corporal definitiva. Este é o significado mais sofrido do parto e que se não for bem elaborado, pode trazer um sentimento de melancolia muito intenso à mãe, o que é normal e esperado. Porém, podendo evoluir em alguns casos para o que chamamos de depressão pós-parto.
"O parto é vida, mas também é morte.”
Por: Milena Mendonça (Mestra em Psicologia e Saúde com foco em Psicologia Positiva, Especialista em Saúde da Família. É Psicóloga, Psicanalista e fundadora da Casa Positiva).
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