O que é Apraxia da Fala na Infância
Por Marcela Oliveira, fonoaudióloga.
O ato da fala é altamente sofisticado. É um processo cerebral que envolve músculos da boca, da face, da língua, do palato, faringe. O controle motor da fala é complexo e depende de mecanismos cerebrais específicos. Para algumas crianças, falar torna-se um desafio, pois, estes mecanismos não conseguem se integrar, gerando falhas no processamento, no planejamento e na execução da fala. Crianças com apraxia têm consciência de suas dificuldades, “tentam falar corretamente, mas não conseguem”.
A Associação Americana de Fonoaudiologia recomenda o termo Apraxia de Fala na Infância para o “Distúrbio neurológico motor da fala na infância”, resultante de um déficit na consistência e precisão dos movimentos necessários à fala, na ausência de déficits neuromusculares.
Na Apraxia de Fala ocorre uma dificuldade no planejamento e/ou programação dos parâmetros que orientam a sequência dos movimentos e que resultam em erros na produção da fala e prosódia. Pode ocorrer como resultado de impedimento neurológicos conhecidos, associada aos quadros de Autismo, Síndrome de Down e TDAH ou como distúrbio neurogênico sem causa definida da produção dos sons da fala.
A principal manifestação é a dificuldade na programação do gesto articulatório, ou seja, na organização dos movimentos das estruturas envolvidas na produção da fala.
As principais características são:
1. Pobre repertório de vogais, erros com as vogais;
2. Pobre repertório de consoantes, incluindo as consideradas mais visíveis, como P e M;
3. Variabilidade de erros, presença de erros incomuns/idiossincráticos;
4. Os erros e dificuldade aumentam com o aumento da quantidade de sílabas das palavras;
5. Dependendo do grau de severidade, a criança pode produzir o som, sílaba ou palavra-alvo em um contexto, mas é incapaz de produzir o mesmo alvo com precisão em um contexto diferente;
6. Mais dificuldade nas tarefas que precisam de controle voluntário, em comparação com as realizadas de forma automática;
7. Dificuldade nas tarefas de diadococinesia, ou seja, para alternar com precisão a repetição das mesmas sequencias, como pa/pa/pa ou de sequencias múltiplas, como pa/ta/ka;
8. Presença de alterações prosódicas, fala acelerada ou monótona, instável, erros de acentuação, déficit na duração dos sons e pausas entre as sílabas;
9. Em algum momento, podem demonstrar “procura” ou “esforço” para realizar as posições articulatórias;
10. Podem também apresentar dificuldades na sequência de movimentos orais voluntários (apraxia oral);
11. A criança demonstra que fica “perdida”, não sabe como movimentar a boca. Ela tenta falar, mas não consegue;
12. Os pais percebem uma discrepância entre a compreensão e a produção de fala (por exemplo, a criança pode compreender bem, mas não conseguir produzir a fala).
A Apraxia é considerada uma desordem da fala, da comunicação e, portanto, o profissional qualificado para dar este diagnóstico é o Fonoaudiólogo, com experiência nesta área. Pode ser necessário também o encaminhamento para outros profissionais, como Terapeutas Ocupacionais, Psicólogos, Neuropediatras, etc.
Deve ser realizada uma avaliação minuciosa de todos os aspectos da fala, da linguagem e da motricidade oral da criança, incluindo as habilidades práxicas. O contexto educacional e familiar no qual a criança está inserida também deve ser analisado, visto que, são de extrema importância enquanto parceiros desde o diagnóstico até o tratamento.
Sou Fonoaudióloga e apoio esta causa!
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