O grito
A pandemia matou a vida que a gente vivia, a excessão da polarização, essa segue firme nos acompanhando. O que vemos agora como protagonistas são os SOBREviventes x os SUPERviventes.
Em um extremo os sobreviventes lutando contra a pandemia, isolados o máximo que podem em suas casas, respeitando protocolos de segurança ditados por organizações oficiais, sofrendo com os danos psicológicos do distanciamento social e ambiental.
Do outro os superviventes, que se negam a viver enlutados e preferem criar seus próprios critérios para se permitirem seguir vivendo a vida da maneira mais normal possível, sofrendo com a doença de fato e o julgamento social.
Os extremos são manifestações de feridas narcísicas, e essas feridas antecedem grandes transformações. Segundo Freud, três feridas narcísicas históricas foram responsáveis por grandes mudanças na humanidade:
A primeira foi protagonizada por Cupernico, quando ele nos apresentou o sistema heliocêntrico (a terra, ou seja o homem, não é o centro do universo). O homem na margem.
A segunda ferida é deferida por
Darwin no qual o homem é mais um animal, entre outros animais e não a imagem e semelhanças e Deus (teoria da evolução das espécies).
A terceira, ironicamente narcísica, porém justa, surgiu com o próprio Freud com a Psicanálise e a teoria do inconsciente. O homem não é livre, muito menos tem o controle de tudo.
Interessante que os SOBREviventes silenciam-se e os SUPERviventes gritam, ambos cheios de si, com suas razões e certezas. Mas enquanto não saírem das posições narcísicas de que não se trata de si mesmo, ainda discutiremos se é mesmo o Sol o centro do universo.
Positivamente,
Milena Mendonça
Obra ‘O Grito’, do artista norueguês Edvard Munch, em 1893.
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