O dia que a mente despertou

 Não tinha outra direção, além daquela que ecoava do quarto. Direção sul, posição oeste da cama.

Permitiu voltar e ser conduzida pela voz. Portas abertas e um pulo para debaixo das linhas e tecidos sedosos que a guardam e a conhecem como ninguém.

“Canta baixinho! Pode usar todo o espaço ao seu redor. Veja o amigo reluzente! Ele tem um som especial.”

Correu para o espelho, deparou-se com um som e, em cada respiro ritmado, dançou.

Numa viagem, que não cabia mais ninguém a não ser ela e os seres que ali habitavam, chegou em uma terra (dia de verão) de solo ressecado e as rachaduras pareciam não ter fim. Em cada dança, movimento, toques, compassos, caminhadas e movimentos que seus pés faziam uma energia trocada. Seu corpo que se fortalecia e o chão que já brotava água.

Um encontro batizado com a chuva e, no final, passarinhos e borboletas a trouxeram de volta entre os lençóis.

A direção já não era a mesma. O caminho foi outro. Descansou e se abraçou. Tocou em seus pés e sentiu vida.

Retomou e sorriu.

O que lhe faz retomar?

O que lhe faz sentir?


Camila Barreto,

Margarida 🌼



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