A anatomia da sorte
As pessoas mais felizes favorecem a sorte. Os extremos da sorte a pessoa não controla, nem os extremos do azar. Mas o meio sim. Ou seja, para ter sucesso, ao menos você teria que se esforçar.
Leonardo da Vinci, por exemplo, é considerado como um arquétipo do Homem da Renascença segundo descrição de contemporâneos de Leonardo, como por exemplo Vasari, "no decurso normal dos tempos nascem muitos homens e mulheres possuidores de talentos características notáveis; mas ocasionalmente, de uma forma especial que transcende o natural, uma única pessoa é maravilhosamente dotada pelos céus com beleza, graça e talento em tanta abundância que deixa os outros homens muito para trás... todos reconhecem que esta é a verdade acerca de Leonardo da Vinci, um artista de beleza física invulgar que se comporta com infinita elegância em tudo o que faz e que cultiva o seu gênio tão brilhantemente que todos os problemas que estudou foram resolvidos com simplicidade. Possuía grande força e destreza; foi um homem de esplêndido espírito e com uma tremenda inteligência...".
De acordo com Vasari, "o temperamento de Leonardo era tão adorável que ele dispunha do afeto de toda a gente". Era um "conversador brilhante" que encantava Ludovico II Moro com a sua inteligência. Vasari resume a sua descrição dizendo "Na aparência era notável e belo, e a sua magnificente presença confortava as almas mais perturbadas; era tão persuasivo que conseguia vergar os outros à sua própria vontade. Era tão forte fisicamente que conseguia enfrentar a violência e, com a sua mão direita, entortava ferraduras e batentes de ferro como se fossem de chumbo. Era tão generoso que alimentava todos os seus amigos, ricos ou pobres... O seu nascimento deu a Florença uma excelente prenda, e a sua morte castigou-a com uma perda incalculável".
Este conjunto de informações revela um homem que parece ter tido uma vida familiar encorajadora, que trabalhou cooperativamente com terceiros, tanto como aprendiz como mestre, e que se esforçava em conhecer, aprender, pelas necessidades dos que estavam à sua responsabilidade. Leonardo foi um dos poucos artistas reconhecidos como grande ainda em vida.
Então, dependemos de uma série de fatores, que tornarão a “sorte” de ser feliz possível, e de ter sucesso, sempre em dependência do seu meio, de sua cultura:
- aspectos biológicos (temperamento, aparência física, habilidades);
- formação da sua personalidade (experiências, crença de si mesmo, mecanismos de defesa desenvolvidos);
- valores (ideais de eu);
- hábitos;
- habilidades;
- ambiente (quanto eu vou me adaptar ao ambiente? Ou quanto o ambiente vai se adaptar a mim?)
Uma pessoa que tem tudo isso razoavelmente bem desenvolvido, como o Leonardo, por exemplo, ela será mais feliz. A maioria das pessoas não tem essa configuração, não têm essa “sorte”. A busca da felicidade é então você ajustar a congruência desses aspectos. A terapia é um caminho para isso, buscando uma vida que vale a pena.
E finalmente conseguir sentir isso: “eu não trocaria de vida com ninguém, tenho mesmo sorte na vida”.
desenho: O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci
Positivamente,
Milena Mendonca
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