Cuidar no Isolamento
Uma preocupação que todos estão tendo é: qual a consequência da quarentena para as crianças?
A outra preocupação é: como não surtar com o excesso de atribuições do cuidador sem rede de apoio?
A longo prazo pode ocorrer consequência pelas crianças terem tido essa experiência de não poder sair de casa, de enclausuramento, de não poderem ir à escola. É verdade que ainda não tem investigações sobre esse tema, nem sobre nada parecido. Nesse momento nos validamos da observação clínica e do que alguns pesquisadores estão recolhendo para logo poder mostrar resultados.
Não temos ainda informações de sequelas generalizadas para essa situação. Sabemos que em situações onde corremos risco ou os demais, existe uma vulnerabilidade a essas sequelas futuras.
Existem pesquisas que falam sobre as sequelas de crianças que vivem com suas mães em presídios. Eu inclusive já pude contribuir com esse tipo de investigação, durante meu estágio e pesquisa científica no presídio feminino de Aracaju. E me apego a essa minha vivência no meu manejo clínico. Pesquisas longitudinais com essas crianças encarceradas, mostram que quando adultos, experimentam ansiedade, principalmente as crianças que tiveram vínculos mais inseguros.
Sobre o vínculo, tem a ver com a relação que se estabelece com os pais. Se é uma relação baseada no carinho e na confiança, em que a criança sente tranquilidade e segurança estando perto. segundo essas pesquisas, quando esse tipo de vínculo acontece, as sequelas são menores.
Quando falo em cuidadores, contemplo em minha narrativa dois pais que dividem os cuidados e responsabilidades; em dois pais e um cuidador que sobrecarrega pra ele o cuidado com os filhos; e subindo de nível de dificuldade, uma família mono parental.
Diante desses cenários, darei dicas para cuidar nesse isolamento, regulando a saúde mental.
Em primeiro lugar tirar a cobrança de dar conta de tudo. Ter uma estrutura ajuda muito. Não somos professores, não somos super-heróis, também sentimos medos. Importante conversar sobre isso com as crianças, uma boa oportunidade para ensinar as crianças a lidarem com a frustração e sentimentos através do nosso exemplo.
Ou seja normalizar que essa situação é difícil para todos. E se formos muito exigentes com nós mesmos vamos tornar tudo mais difícil. Daí a importância de fazermos uma rotina semanal e flexibilizar com uma outra rotina de fim de semana, assim, nos estressamos menos porque as crianças lidam melhor com tudo, ao invés de nos desgastamos com a rotina.
Os pais estão desempenhando múltiplos papéis além de serem pais, cuidam da casa, trabalham, ensinam os filhos. E estes devem organizar a rotina em momentos de trabalho, de ficar com os filhos, de ócio, de lazer, de ensinar os filhos. Sentiu que algum desses papéis não te agrada? Pare reflita o por que, acolha suas emoções, entenda o motivo do estresse e remaneje isso.
Além de você, tenha em mente que a criança também está estressada. Toda sua rotina mudou, já não convive com seus amigos, avós, familiares, não tem mais espaços diferentes para brincar. O momento é parar, cuidar do vínculo, perguntar o que está acontecendo. Isso é essencial para não mudar o clima familiar e mantermos um clima positivo e de segurança emocional familiar.
Apoiado no vínculo afetivo, um dia mais estressante vira um dia estressante e não uma pessoa estressada. Quando estamos relaxados lidamos melhor com uma situação adversa. Outra dica é além de seguir uma rotina, tentar no início do dia terminar as obrigações. Para ter mais tempo livre e aproveitar mais o que alegra.
Conciliação entre os papéis é o segredo dessa quarentena com saúde mental. Tentar tornar mais lúdica e positiva também as emoções associadas a esses papéis, se imagine como criança, as coisas que viveu. Foi divertido? Se imagine como criança e não com o olhar do adulto. Outra dica é envolver as crianças nas atividades domésticas, sem pressão, como ajuda e brincadeira. Isso é algo essencial, assim desenvolvem autonomia, acumulamos menos serviços para nós fazermos, e aprendemos a cooperar.
Também, é interessante criar sinais que farão a criança entender o momento em que ela é priorizada e outros momentos como atividade física e o trabalho. Como trocar de roupa na hora que for para o home office, ensinar a criança que é necessário e saudável fazermos atividades sozinhos, estimular a criança a brincar só nesses momentos. Lembrando de fazer pausas sempre para ver se criança ou o outro cuidador estão bem, também é importante, faz com que o cuidado e o cuidador do momento não se sinta tão sozinho e acolhido. Além de fortalecer o vínculo familiar.
Somos espelhos das crianças, e elas também podem ser nossos espelhos, elas têm muito a nos ensinar. São especialistas em viver o momento, quando frustradas demonstram seus sentimentos sem pudor, em alguns minutos se regulam (melhor com ajuda e acolhimento dessa emoção por um cuidador) e mudam completamente o foco e consequentemente o humor. Devemos aprender com elas a viver o momento.
Assim, como devemos ensinar e aprender em família a nos regularmos no quesito emoções e humor. Se eu estou mal, meu companheiro me coloca pra cima, inclusive a criança pode acolher nossos sentimentos, elas são boas nisso, com seus abraços e carinhos sinceros, basta demonstrar nossos sentimentos de maneira adequada a idade delas, isso pode ser um importante momento de aprendermos em família a lidarmos com as emoções negativas, acolhendo e com suporte, superando.
Não tem problema vivenciarmos em família emoções negativas, desde que seja feito o esforço de superá-las, usando o humor e otimismo caso seja com as crianças, ou entre adultos a escuta acolhedora e de não julgamento. Daí juntos pensar em soluções para resolver as causas desses sentimentos negativos.
A quarentena nos deu a oportunidade de fortalecermos nossos vínculos familiares, o importante é vermos cada membro como um importante membro, em conjunto nos ajudarmos e tornamos esses dias momentos de mudanças para nos melhorarmos como indivíduos e como coletivo.
A outra preocupação é: como não surtar com o excesso de atribuições do cuidador sem rede de apoio?
A longo prazo pode ocorrer consequência pelas crianças terem tido essa experiência de não poder sair de casa, de enclausuramento, de não poderem ir à escola. É verdade que ainda não tem investigações sobre esse tema, nem sobre nada parecido. Nesse momento nos validamos da observação clínica e do que alguns pesquisadores estão recolhendo para logo poder mostrar resultados.
Não temos ainda informações de sequelas generalizadas para essa situação. Sabemos que em situações onde corremos risco ou os demais, existe uma vulnerabilidade a essas sequelas futuras.
Existem pesquisas que falam sobre as sequelas de crianças que vivem com suas mães em presídios. Eu inclusive já pude contribuir com esse tipo de investigação, durante meu estágio e pesquisa científica no presídio feminino de Aracaju. E me apego a essa minha vivência no meu manejo clínico. Pesquisas longitudinais com essas crianças encarceradas, mostram que quando adultos, experimentam ansiedade, principalmente as crianças que tiveram vínculos mais inseguros.
Sobre o vínculo, tem a ver com a relação que se estabelece com os pais. Se é uma relação baseada no carinho e na confiança, em que a criança sente tranquilidade e segurança estando perto. segundo essas pesquisas, quando esse tipo de vínculo acontece, as sequelas são menores.
Quando falo em cuidadores, contemplo em minha narrativa dois pais que dividem os cuidados e responsabilidades; em dois pais e um cuidador que sobrecarrega pra ele o cuidado com os filhos; e subindo de nível de dificuldade, uma família mono parental.
Diante desses cenários, darei dicas para cuidar nesse isolamento, regulando a saúde mental.
Em primeiro lugar tirar a cobrança de dar conta de tudo. Ter uma estrutura ajuda muito. Não somos professores, não somos super-heróis, também sentimos medos. Importante conversar sobre isso com as crianças, uma boa oportunidade para ensinar as crianças a lidarem com a frustração e sentimentos através do nosso exemplo.
Ou seja normalizar que essa situação é difícil para todos. E se formos muito exigentes com nós mesmos vamos tornar tudo mais difícil. Daí a importância de fazermos uma rotina semanal e flexibilizar com uma outra rotina de fim de semana, assim, nos estressamos menos porque as crianças lidam melhor com tudo, ao invés de nos desgastamos com a rotina.
Os pais estão desempenhando múltiplos papéis além de serem pais, cuidam da casa, trabalham, ensinam os filhos. E estes devem organizar a rotina em momentos de trabalho, de ficar com os filhos, de ócio, de lazer, de ensinar os filhos. Sentiu que algum desses papéis não te agrada? Pare reflita o por que, acolha suas emoções, entenda o motivo do estresse e remaneje isso.
Além de você, tenha em mente que a criança também está estressada. Toda sua rotina mudou, já não convive com seus amigos, avós, familiares, não tem mais espaços diferentes para brincar. O momento é parar, cuidar do vínculo, perguntar o que está acontecendo. Isso é essencial para não mudar o clima familiar e mantermos um clima positivo e de segurança emocional familiar.
Apoiado no vínculo afetivo, um dia mais estressante vira um dia estressante e não uma pessoa estressada. Quando estamos relaxados lidamos melhor com uma situação adversa. Outra dica é além de seguir uma rotina, tentar no início do dia terminar as obrigações. Para ter mais tempo livre e aproveitar mais o que alegra.
Conciliação entre os papéis é o segredo dessa quarentena com saúde mental. Tentar tornar mais lúdica e positiva também as emoções associadas a esses papéis, se imagine como criança, as coisas que viveu. Foi divertido? Se imagine como criança e não com o olhar do adulto. Outra dica é envolver as crianças nas atividades domésticas, sem pressão, como ajuda e brincadeira. Isso é algo essencial, assim desenvolvem autonomia, acumulamos menos serviços para nós fazermos, e aprendemos a cooperar.
Também, é interessante criar sinais que farão a criança entender o momento em que ela é priorizada e outros momentos como atividade física e o trabalho. Como trocar de roupa na hora que for para o home office, ensinar a criança que é necessário e saudável fazermos atividades sozinhos, estimular a criança a brincar só nesses momentos. Lembrando de fazer pausas sempre para ver se criança ou o outro cuidador estão bem, também é importante, faz com que o cuidado e o cuidador do momento não se sinta tão sozinho e acolhido. Além de fortalecer o vínculo familiar.
Somos espelhos das crianças, e elas também podem ser nossos espelhos, elas têm muito a nos ensinar. São especialistas em viver o momento, quando frustradas demonstram seus sentimentos sem pudor, em alguns minutos se regulam (melhor com ajuda e acolhimento dessa emoção por um cuidador) e mudam completamente o foco e consequentemente o humor. Devemos aprender com elas a viver o momento.
Assim, como devemos ensinar e aprender em família a nos regularmos no quesito emoções e humor. Se eu estou mal, meu companheiro me coloca pra cima, inclusive a criança pode acolher nossos sentimentos, elas são boas nisso, com seus abraços e carinhos sinceros, basta demonstrar nossos sentimentos de maneira adequada a idade delas, isso pode ser um importante momento de aprendermos em família a lidarmos com as emoções negativas, acolhendo e com suporte, superando.
Não tem problema vivenciarmos em família emoções negativas, desde que seja feito o esforço de superá-las, usando o humor e otimismo caso seja com as crianças, ou entre adultos a escuta acolhedora e de não julgamento. Daí juntos pensar em soluções para resolver as causas desses sentimentos negativos.
A quarentena nos deu a oportunidade de fortalecermos nossos vínculos familiares, o importante é vermos cada membro como um importante membro, em conjunto nos ajudarmos e tornamos esses dias momentos de mudanças para nos melhorarmos como indivíduos e como coletivo.
Positivamente,
Milena Mendonça
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