Adolescer não é simples. Isso já sabemos. Mas refletir sobre o adolescer em família pode ajudar a entender os diferentes pontos de vista durante essa transição. A família participa desse processo junto, transformando um pouco de todos dentro dos papéis que cumprem. As demandas se modificam e os filhos já não precisam tanto que lhes segurem a mão. Em vez disso, precisam de uma mão no ombro, de um suporte emocional diferente de quando eram crianças. Há uma necessidade de mais explicação e raciocínio, mas precisam ainda do toque, do interesse pelo seu mundo, de se sentir seguro em família, sentir que pode contar com as pessoas ao redor. E assim, como que aprendendo a “andar” no mundo adulto, o adolescente vai experimentando a vida com as próprias pernas, desenvolvendo suas próprias ideias e seu caráter. Assim, as dinâmicas mudam e relacionamentos terão de aprender a se reconstruir diante de tantas mudanças internas e externas.
Principalmente, em relação ao “ir pro mundo” quando ainda não se sente tão pronto. Pensando nisso, pode-se perceber uma cobrança sobre os planos futuros que muitas vezes são irreais. Os jovens acabam com a ideia errada de que precisam estar prontos para encarar a vida lá fora, quando nós - que já fizemos essa passagem - sabemos bem que quase nunca se está pronto para o que a vida oferece. Em família, a chave está na disponibilidade emocional. Quem já não precisou de seus pais e familiares mesmo depois de adultos? Por que então esperar que jovens ainda em desenvolvimento neurológico e de seus traços de personalidade, saibam exatamente o que vão fazer? É importante lembrar da nossa própria relação com o adolescer enquanto pai, mãe ou cuidador desse jovem. Como foi pra você? O que te marcou positivamente e negativamente? Quais relações lhe foram mais importantes? Quem te inspirava em ser alguém melhor? Quem você escutava mais? Quem lhe fazia sentir mais confiança em si mesmo? Qual a importância dos seus amigos naquela época? Como foi quando precisava de ajuda ou de apoio emocional? Você sentia que podia dizer o que sentia? E quanto aos conflitos com seus pais e familiares? O que gostaria que fosse diferente?
Agora pense no adolescente que você acompanha e reflita sobre como esse jovem está vivenciando essa transição tão marcante. Pense no que ele precisa emocionalmente para seguir firme e confiante o próprio caminho, aprendendo a construí-lo sozinho e com o cultivo de importantes relacionamentos.
Com carinho,
Renata Brügger
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